Psicóloga Responde

Dicas úteis para o dia-dia

Mania de Consumo

Antes de tudo, para entendermos as manias atuais, é necessário compreendermos o mundo em que vivemos e como os interesses mundiais influenciam a nossa maneira de ser. Atualmente, o dinheiro é a roda que faz o mundo girar, vivemos a era da lucratividade, e, portanto, somos bombardeados pelo apelo consumista. Neste apelo, as propagandas motivam rivalidades e competições, uma vez que ter, segundo a publicidade, nos confere poder sobre os demais, e assim, como se fosse um delírio coletivo, as pessoas sentem-se superiores conforme os objetos que consomem. Como se um objeto tivesse o poder de angariar mais valor a um ser humano.

Desta maneira nasceu uma nova ideologia – A Ideologia do consumo. Vamos refletir: O que é uma ideologia? – Um conjunto de crenças. E as crenças relacionadas ao consumo prometem: felicidade, demonstração de sucesso, potência, plenitude, realização, sensualidade ao extremo, etc. Mas continuando nesta linha de pensamento, o que, de fato, eu ganho se o outro pensa que sou feliz? Simplesmente me afundo cada vez mais no universo vazio das aparências. Quanta energia, força, tempo, dinheiro, criatividade e emoções gastamos só para mostrar em vez de investir no que de fato pode nos realizar? E assim nos afastamos, cada vez mais e mais, da nossa essência, já que estamos totalmente voltados para a superficialidade, à nossa casca, neste universo das aparências. Em vez de olhar para dentro e procurar descobrir o que falta dentro de nós, olhamos para fora, tentando ver qual é o objeto da vitrine que irá nos seduzir e preencher o nosso vazio. Esta é uma maneira inútil de realização, e também, uma forma de fugir das verdadeiras angústias.

A ideologia do consumo alimenta o narcisismo infantil, que nada mais é do que aquele desejo que carregamos desde que somos crianças em ser o centro das atenções. A nossa parte infantil vive em cada um de nós, e há interesse, por trás do sistema industrial, para não amadurecermos. E assim, a propaganda promete o que mais desejamos: felicidade, realização de todas as nossas fantasias: onipotência, beleza, força, encanto, poder, charme, e para tanto, basta comprar tal e qual produto. Uma parte de nós, aquela mais amadurecida e madura, sabe que o que a propaganda promete é mentira, outra parte quer acreditar. Esta parte de nós é aquela que se rebela contra os impedimentos e as limitações. Por isto a publicidade funciona, porque manipula nossos desejos infantis e inconscientes.

A Psicanálise é o oposto da publicidade. A Psicanálise lida com a falta, a incompletude, os limites, a abdicação da onipotência, a renuncia do narcisismo e a realidade para crescermos e vivermos plenamente. Já a publicidade alimenta a fantasia onipotente, o narcisismo que nada mais é do que a vaidade desmedida, através da aquisição dos bens de consumo.

O que acontece quando as pessoas compram o objeto do seu desejo? Ficam mais felizes? Não. Por que? 1- O desejo humano sempre é insatisfeito, pois, se baseia na restauração impossível da completude. 2- quando se adquire o objeto este se desvaloriza e a busca recomeça. 3- Passada a euforia, o consumidor volta ao vazio e a decepção, uma vez que o objeto adquirido não o deixa imune à dor e a angustia (elementos humanos). E assim após tanto sonhos e decepções relacionados ao universo consumidor, nós caímos em depressão, que se tornou o mal do século.

Só que a depressão de hoje em dia é diferente da depressão da perda e da dificuldade em elaborar lutos. É a depressão do penoso reencontro do consumidor com a realidade (interna e externa), uma vez que, apesar da nova aquisição, a realidade fica inalterada, ao contrário das vãs promessas da publicidade.

Os objetos tornam-se obsoletos com uma rapidez que nunca se viu antes na história. Saem da linha de montagem com os dias contados. Tudo para alimentar as necessidades da indústria. As campanhas precisam promover a idéia de que o modelo anterior é antiquado, e assim, uma mínima mudança na cor, no estilo, ou acréscimo de algum item sem utilidade, já basta para o objeto tornar-se antiquado. O sonho das indústrias é fabricar produtos auto-destrutivos no momento de promover o modelo mais recente. E assim, nós influenciados pelo sistema, imitamos as pregações das propagandas e olhamos para o aparelho do outro que é um pouco mais “antigo” que o nosso e fazemos desdém da pessoa, por conta do seu objeto que não acompanha as últimas tendências da moda.

Será que a pessoa se resume ao seu aparelho? Será que não seria o caso oposto? Ou seja, deste que não foi envolvido pelas propagandas, alienando-se de si e escravizado pelo poder da publicidade, que deveria fazer desdém daquele que se escraviza aos bens de consumo e que se sente bem ou mal consigo mesmo pelo que adquire e pelo que tem e não pelo que é?

Vender é o único objetivo da existência da corporação. Será que ninguém percebe? Vivem para obter lucros. E assim, vivemos a era do culto ao consumo. Todos nós se prostrando ao poder do dinheiro.

Esta educação é incutida em nós numa fase muito precoce da nossa existência. Ao nascer, mesmo sendo incapaz de pronunciar uma palavra, o bebe é um consumidor voraz que movimenta uma indústria bilionária em todas as partes do mundo. Os senhores da venda investem pesado no lado emocional dos pais, e assim começa o processo de escravidão do consumo, desde recém nascido, pois, segundo o dito popular: “É de pequeno que se torce o pepino”. Os bebes ainda não sabem falar, gostar, escolher e já estão lá movendo a indústria que vale milhões.

Muitas de nossas necessidades foram criadas em cima de necessidade nenhuma. O sistema industrial de consumo, de olho na eterna insatisfação humana e da infinita necessidade de preenchimento para o grande vazio, viu a oportunidade singular de ajudar na busca, que para o bem de todos e satisfação maior, nunca terá fim.

Saindo do consumo dos bebes e entrando no consumo das crianças. Vemos a criação de filmes, entretenimentos, seriados e desenhos que criou um novo nicho de consumo: mercado alimentício, roupas, brinquedos, publicações especiais, colônia de férias, pacotes de viagens, cartões de créditos, poupança programada, aparelhos eletrônicos, e uma parafernália que as crianças nem sonhavam em consumir. Assim, a industria de consumo criou um estilo próprio para cada faixa etária determinando como devem se vestir, o que devem consumir, e a intensão é uma só: dar vazão ao que sai da linha de produção. Em vez de brincar, não de forma virtual, mas real, de pega-pega, esconde-esconde, roda, boneca, pular corda, empinar papagaio, bola de gude, futebol (sem chuteiras caríssimas). Os valores transformaram-se, e vemos a banalização de tudo o que é material, uma vez que antigamente as roupas passavam dos mais velhos para os menores, que as recebiam felizes. A ambigüidade que se insere em todas as questões da vida: por um lado os objetos são supervalorizados, por outro banalizados para que compremos cada vez mais.

Hoje é preciso trocar, mesmo que o objeto esteja em perfeitas condições de uso, e isto não é uma questão de necessidade física de ordem prática, mas psicológica. A máquina de vendas vai se incumbir de que o produto será psicologicamente obsoleto. Anteriormente, a cor da moda limitava-se ao vestuário feminino, agora os objetos mudam de cor conforme a estação, de acordo com meia dúzia dos principais acionistas por trás das grandes indústrias que se reúnem para decidir o que é e o que não é estético no modo de vida das pessoas. E nós, os trouxas, nos matamos de trabalhar para não ficar para trás. Quem está pra trás? Fácil convencer os infelizes consumidores que se sentirão mais infelizes se continuarem com o modelo antigo. O infeliz consumidor adquire o produto esperando obter outra coisa que é o conceito por trás da coisa. O consumidor é convencido que esta comprando muito mais do que um objeto, mas através deste produto ele adquirirá: felicidade, poder sobre os outros, sucesso, e um mundo de vantagens.

Hoje em dia o desejo de comprar já virou doença para muitas pessoas: É o consumismo compulsivo (ovniomania). O mercado parece dar mil vantagens, mas a maior vantagem é para a indústria. O pobre consumidor se enche de dívidas e objetos repetidos sem necessidade e escondem dos familiares – este é um sinal de doença, assim como também o alto grau de irritação diante da impossibilidade de comprar e a impulsividade do ato.

Vivemos na crença de que nos valorizamos junto ao nosso objeto novo. Imaginamos que o objeto nos traga amor dos outros. Isto acontece porque as pessoas buscam reconhecimento, aceitação e amor. Assim a mídia prega que devemos ter o que nos faça ser mais desejado, admirado, importante e valorizado. E isto é uma troca perversa, uma vez que a necessidade de amor é buscada através do quanto consumo tanto serei mais amado. O desejo não é pelo objeto, mas pela satisfação de carência, assim o sentimento de plenitude não dura muito, e o sujeito é rapidamente tomado pelo vazio e pela falta novamente. E assim buscamos outro e outro objeto, sucessivamente, numa busca infinda.

O ter tem o compromisso do ser nos olhos dos outros. Mas, vamos pensar nas diferenças entre a condição existencial de ter ou ser: Ter – coloca o objeto no centro deixando as pessoas, a si e os outros de fora, é aquele que persegue a ambição de diferenciar-se de todos, procura a superioridade pelo que possui e não pelo que é.
Em contrapartida: Ser – coloca o ser humano no centro, e os objetos de fora. Nesta condição, o indivíduo possui maior respeito por si e pelas pessoas.

Como sair da escravização do consumo? Olhando para dentro ao invés de olhar para fora, buscar dar vazão as questões: Quem sou eu? O que me faz sentir? Qual é a minha real necessidade?

O que motiva uma compra são emoções, tais como a angustia, o vazio, a irritação, a insegurança, e a necessidade de aceitação. Vamos pensar? O novo par de tênis fará grande diferença na nossa vida? Às vezes você tem vontade de se esbofetear por ter gasto tanto?
É comum a pessoa que se sente devedora de mais empenho profissional, atenção para os filhos, marido, e outros requisitos da vida, realizar este sentimento tornando-se devedora de verdade, ou seja, as dividas afetivas transformam-se em dividas financeiras.

Precisamos aprender a pensar: Qual é o verdadeiro impulso que está por trás de uma nova compra? A necessidade de conversar com alguém da família, entrar em contato consigo mesmo, dar mais atenção aos filhos, ao marido, ao intelecto, as realizações pessoais ou profissionais?
Antes de abrir a carteira seria útil perguntar a nós mesmos: O que eu quero de verdade? Qual é a minha real necessidade? Esta mercadoria ou…?

Léa Michaan

15 de Abril de 2010 Posted by | Mania de Consumo | 1 Comentário

Como Lidar com o Adolescente

 A palavra “adolescência” tem dupla origem etimológica e caracteriza muito bem as peculiaridades desta etapa tão dolorosa e ao mesmo tempo deliciosa da vida. Esta palavra vem do latim ad (a, para) e olescer (crescer) significando a condição ou processo de crescimento. Adolescência também deriva de adolescer, origem da palavra adoecer. Adolescente do latim adolescere, significa adoecer, enfermar. Temos assim, na origem desta palavra, um elemento para pensar esta etapa da vida: Aptidão para crescer (não apenas sentido físico, mas também psíquico) e para adoecer (em termos de sofrimento emocional, com as transformações biológicas e mentais que operam nesta fase).

Esta é a etapa mais difícil e ao mesmo tempo emocionante do desenvolvimento humano. Nesta época da vida, o sujeito, já não é mais criança e ainda não é um adulto. Mesmo em idade adulta, demoramos muito a sermos de fato um adulto, pois, chegar lá leva muito tempo, e é um processo onde em alguns quesitos, talvez, atingimos este amadurecimento, e noutros, ainda não. E claro que nunca alcançamos a maturidade completamente, pois, a possibilidade de evolução humana é, a meu ver, infinita.

Os jovens vivenciam este período acreditando que tudo é possível, e por isso mesmo, oscilam tanto entre os sentimentos de onipotência e impotência, pois, num primeiro momento, sonham que são muito poderosos e que atingirão suas mais utópicas aspirações. Na sua imaginação tudo acontece muito rápido, sem muitas batalhas, afinal, eles não têm paciência para esperar, eles querem resultados imediatos, no entanto, quando percebem que há um caminho a percorrer, e como toda conquista exige um empenho, eles acabam se frustrando consigo mesmos em suas expectativas: no seu poder de sedução, nas suas capacidades e nos seus recursos. E assim, eles podem despencar desde as mais altas aspirações até o mais profundo dos abismos.

Os adolescentes vivem intensas emoções, ora sentindo-se heróis e salvadores do universo, ora transformando-se em fracassados e incapazes. Estes jovens, ou sentem-se os melhores, ou os piores, não possuem o discernimento do meio termo, não experimentam o teste da realidade, eles vivem muito mais nas suas fantasias do que no mundo real. Eles estão com os hormônios à flor da pele e precisam de fortes emoções, ou então o oposto disso – são capazes de permanecer durante longos períodos trancafiados em seus quartos, sem ânimo para nada, “simplesmente” se adaptando a nova condição de ser

Ok! Este conhecimento é importante, tudo bem, mas, e agora? O que fazemos com essa informação? Na prática, no que ela pode ser útil? Nas próximas linhas você encontrará alguns itens sobre como funciona o adolescente e como lidar com este, dificílimo e, ao mesmo tempo, encantador ser:

1- O adolescente na escola, ou em casa, quer provocar as autoridades, seja o professor, orientador, bedel, diretor ou os pais. Ele precisa disto para se testar e também para provar aos colegas que ele “é o Bom”. – Se as autoridades entrarem no mesmo jogo e também quiserem provocar o adolescente, devolvendo na mesma moeda, como por exemplo, “mostrar quem é que manda aqui”, não haverá benefício algum para nenhum dos lados. Isto seria o equivalente a uma guerra de braço. A maneira de lidar com a presunção do adolescente é: não retribuindo com a mesma moeda, pois isto só reafirmaria esta sua maneira infantil de ser. Afinal: “se este “adulto” também age assim, deve ser isto mesmo. Esta conduta de afronta por parte de um adulto, só aprova este jeito arrogante de ser no adolescente” A maneira útil e produtiva de lidar com o adolescente rebelde é: Procurar a verdade sobre o que se passa com ele, e apresentá-la, por exemplo: – “Percebo a sua necessidade de me provocar, podemos até conversar sobre isso, mas, não estamos aqui para nos desafiarmos, então vamos ao que realmente interessa, ao que é produtivo e útil”… Nada substitui uma conversa sincera, sem a necessidade de impor moralismos. Um adulto que precisa se fazer valer da moral torna-se chato, irritante e tudo o que vai conseguir do adolescente será certo desprezo. Para não cair nesta categoria, sugiro um diálogo interno, de você com você mesmo, ao lidar com adolescentes, ou com o outro de modo geral. /como se dá este diálogo interno? É útil questionar-se daquilo que se diz e das atitudes que se toma, provavelmente este questionamento interno deixará a pessoa com algumas dúvidas e um tanto confuso, e esta forma de ser é muito mais favorável do que qualquer certeza absoluta, pois, alguém cheio de certezas estará fechada para outras possibilidades. Isto a torna um ser psiquicamente morto e praticamente chato, isto é, sem flexibilidade. E o adolescente, ou qualquer outra pessoa, tende a se esquivar e evitar o contato com alguém rígido ou inflexível.

2- Estes jovens precisam reasseguramento. Afinal, eles se sentem tanto seguros (na fase onipotente) quanto inseguros (na fase impotente), depende do seu momento. Além disso, eles desconfiam muito dos próprios recursos. – Vale à pena oferecer este reasseguramento, se ele de fato merecer, mas, nunca encobrir as falhas. “Por exemplo: -” Seu trabalho está muito criativo, você realmente tem uma imaginação e tanto. Mas há muitos erros de gramática. É uma lástima que estes erros possam tirar o brilhantismo desta redação. “Eu sei que dá trabalho, e talvez você ache meio chato estudar gramática…” (legitimar os sentimentos dele, não entrar naquele discurso: “tem que estudar e pronto, o que você sente não importa”). Continuando: “podemos pensar numa maneira mais interessante de estudar, talvez, você possa estudar com o Pedro que vai bem em gramática”. “Eu acredito que você daria um bom escritor”. . (se a colocação for verdadeira, é claro). Falar a verdade, a respeito das capacidades do adolescente, quando colocada de forma séria e franca, pode dar um belo empurrão no seu percurso de vida.

3- Ele precisa de desafios. – É importante que ele veja os estudos como um desafio. Ele precisa sentir-se instigado a querer conquistar. Adolescente necessita encarar o aprendizado como uma conquista. Para isso, o professor deve amar o que faz, tanto ensinar como também o assunto que domina. Porém, infelizmente, nem sempre é possível encontrar profissionais com este perfil, entretanto, o professor pode desenvolver estas habilidades, através de orientações para professores que levem a reflexão. Há possibilidade de elaborar conversas e palestras para os professores. Afinal, transmitir um conhecimento, sem dúvida nenhuma, é uma arte

4- Os hormônios podem atrapalhar a concentração nos estudos, ou o oposto, podem ser utilizados, justamente, para vitalizar a energia colocada no aprendizado. – O jovem tem muita energia, se ele receber motivação adequada, poderá canalizar esta força para aprender, Os próprios professores podem auxiliar o aluno a desenvolver este desejo do saber. O sexo oposto está em alta, nesta fase da vida, e isto pode ser usado a favor dos estudos. Como? O adolescente pode “aparecer” porque é bom/boa em matemática, ou em qualquer outra disciplina. O problema é que muitos querem aparecer como “palhaços”, isto acontece porque não confiam suficientemente em suas capacidades intelectuais, e/ou porque sua auto-estima está comprometida, e/ou porque procuram o caminho mais rápido para atingir seus objetivos e como veremos mais adiante, tudo o que vem rápido também acaba brevemente (não tem permanência e sustância). Eles/elas pensam que é mais fácil aparecer como palhaços do que sabichões, só que estão muito enganados, pois, as meninas/os podem até rir na hora da brincadeira, mas é momentâneo, logo isto acaba e as seqüelas serão: elas/eles vão preferir aqueles que aparecem de forma mais positiva, além disso, estes irão “chorar” depois, tanto pelas notas baixas, quanto pela perda de tempo em suas vidas e ao amadurecerem perceberão que não é interessante aparecer como um palhaço, só porque não havia outro jeito de aparecer.

Falando assim, fica parecendo uma lição de moral, porém, uma boa conversa, sem apontar o dedo no nariz do adolescente, nem abusar do poder, mas, perguntando, com verdadeiro interesse, o que se passa, querendo de verdade escutar o jovem é o caminho para auxiliá-lo. Ele quer e precisa ser levado a sério, mesmo que a principio ele mesmo não se leve, mas, uma vez que outra pessoa o considere importante, o recebimento deste olhar, é simplesmente transformador.

5- Os adolescentes estão completamente voltados ao prazer e não para a realidade – ou seja, querem prazer imediato, não conseguem perceber que este tipo de prazer é fantasioso e se desfaz da mesma maneira com que se fez, ou seja, imediatamente. O prazer que vem através de algum esforço é real e durável. –

Se  esta conversa lhe parece muito difícil. Então, vou falar da minha experiência com adolescentes, mesmo porque, não poderia falar sobre qualquer outra coisa – No meu consultório, costumo, antes de qualquer coisa, ouvir, de verdade, as questões do adolescente, seus dramas e histórias, que podem parecer tolas aos olhos de um adulto, mas, sei que nelas contém todo o universo deste adolescente. Com isso em mente, posso levá-lo tão a serio quanto ele próprio, ou ainda mais. Assim, através de validar seus sentimentos, suas fantasias, angustias medos e ansiedades, consigo um encontro com este adolescente. Se há encontro, significa que nós dois nos descobrimos um com o outro. Eu o escuto e agora, ele também pode me escutar e apreender o valor do real prazer.

Léa Michaan

15 de Abril de 2010 Posted by | adolescentes | 616 comentários